Agosto, o mês em que eu parei de me podar

Agosto chegou como quem aparece sem ser convidado para o brunch de domingo, mas, de repente, rouba a cena. Trazendo reconhecimento profissional, leveza de espírito e aquela sensação quase atrevida de que eu posso — e principalmente quero — muito mais.

Os primeiros quinze dias foram intensos, cheios de acontecimentos, como uma maratona de episódios da vida real. E, entre uma vitória e outra, caiu a ficha: eu tinha me esquecido de mim. Passei tanto tempo tentando me encaixar em moldes que não eram meus, aparando arestas, suavizando falas, diminuindo vontades… até perceber que já não sabia onde tinha deixado a minha própria essência.

E, numa dessas noites, sonhei com a minha avó. Ela me olhou, com aquele jeito firme e doce que só ela tinha, e disse: “Você não pode se podar para caber. Galhos crescem para evoluir, não para serem cortados.” Acordei com essa frase queimando dentro de mim. E foi como se tivesse encontrado a chave que eu não sabia que estava procurando.

Porque é isso: eu me esqueci que não nasci para ser bonsai na sala de ninguém. Eu sou árvore inteira, de raízes profundas e galhos que se estendem para o infinito. E se alguém não aguenta a sombra que eu faço, o problema nunca foi meu.

Hoje me sinto mais livre, mais leve, mais inteira. E, honestamente, não sei onde estava com a cabeça quando achei que diminuir meu brilho ia me fazer ser mais aceita. A real é que quem não aguenta o meu sol que compre óculos escuros.

Se agosto começou assim, só posso concluir que os próximos capítulos prometem ainda mais intensidade. Afinal, depois de me redescobrir, só existe um caminho: pra frente e com tudo.

Porque, no fim das contas, ser eu mesma não é só um ato de coragem — é também a herança mais linda que carrego da minha avó.


E aí eu me pergunto: quantas vezes a gente se poda achando que está sendo prudente, quando na verdade só está atrasando o nosso florescer?

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